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Reforma ortográfica e leitura

Tânia Lúcia Barros
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Agora que todas as escolas públicas e particulares do país retornaram às aulas, cabe a nós professores, principalmente aqueles de produção textual, língua portuguesa e literatura, iniciar o ano letivo de 2009 orientando nossas estudantes no que se refere às mudanças ortográficas do acordo que unifica a ortografia nos oito países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissal, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste).
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Cabe lembrar mais uma vez que a mudança somente ortográfica . Continuarão os países pronunciando como já o fazem. Até antes do acordo a língua portuguesa era a única com dois cânones oficiais ortográficos, o europeu e o brasileiro. Com a unificação o idioma ganhará mais espaço em fóruns internacionais, aproximará as oito nações da CPLP, reduzirá custos de produção e adaptação de livros e facilitará a difusão bibliográfica de novas tecnologias, simplificará algumas regras que ainda causam controvérsias entre os especialistas.
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Principais mudanças estão: na acentuação (acento agudo, acento diferencial e acento circunflexo); some o trema; hífen (palavras compostas); novas letras encorporadas ao alfabeto brasileiro que passa a ter 26 letras (antes eram 23): K, W e Y. No entanto, seu emprego é restrito a apenas alguns casos como já ocorrem atualmente. Veja os principais casos:
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- Nomes próprios de pessoas e seus derivados: Wagner -> Wagneriano, Darwin ->darwinismo, etc.
- Em nomes próprios de lugares originários de outras línguas e seus derivados: Kuwait -> kuwaitiano, Kiev, etc.
- Em símbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medida internacionais: Km (quilômetro), KLM (companhia aérea), K (potássio), W (Walt), WWW (sigla de word wide web, espressão que é sinônimo para a rede mundial de computadores).
- Em palavras estrangeiras incorporadas à língua: sexy, show, download, megabyte.
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É bom lembrar que uma grande parte das mudanças previstas no acordo ortográfico não mudará o português escrito no Brasil, se referindo diretamente à grafia atual de Portugal. Desaparece a letra H no início de palavras como HERVA e HÚMIDO, que aqui no Brasil já se grafam sem o H e que passarão a ser escritas igualmente em todos os países lusófonos. Igualmente somem o C e o P das palavras em que essas letras não são pronunciadas. Para maiores informações acesse o Portal da Língua Portuguesa.
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E para começar o ano letivo, nunca é demais lembrar que  aquilo que falta a todos é mais LEITURA. A grande dificuldade em implementar uma cultura de leitura no Brasil é que a grande maioria dos familiares das crianças e  adolescentes não leem (já grafado como prescreve o acordo, ou seja, sem o acento circunflexo na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados). Ou seja, leva tempo para formar cidadãos leitores. Leitores culturais, não somente o leitor que lê para aprender um ofício, ou para entender uma receita de bolo.
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Num país como o Brasil a situação é perigosa, pois  uma boa parte dapopulação saltou um estágio muito importante que é a fase da escrita e da leitura para o Era da imagem da TV, e da internet. Nossa educação foi falha nos séculos que antecedeu o século XX . Chegamos ao fim do século XX e início do século XXI com uma defasagem enorme em termos de educação básica. São gerações e gerações que não aprenderam a ler e escrever, e muitos que tiveram acesso às primeiras letras foram ou são analfabetos funcionais. Portanto as novas gerações não respondem tão imediatamente aos programas de leitura que nos últimos anos o governo tenta implementar.
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Portanto, fica o apelo aos responsáveis por nossas crianças: leiam mais na frente delas,  leiam tambèm para elas, sejam mais participativos na educação. Educar é um processo de vida, de gerações. Devemos olhar em termos de educação, não de ensino. Todos juntos.  


By Tânia Barros