(Crônica escrita e publicada em 2000 no JORNAL TRIBUNA DA IMPRENSA)
Tânia Lúcia Barros
Brasil 2000... Terra nossa?
O ápice da tragédia nomeada Febem está dando um exemplo de País irresponsável. Quantos dos meninos e jovens lá presentes poderiam estar na segurança dos seus lares se um projeto efetivamente eficaz de reabilitação abrangesse o lar destes brasileiros. Reabilitação do próprio projeto de FHC para o Brasil. Como se não bastasse, o que resta é um órgão deficiente, para não dizer completamente doente, modelo decadente e já declarado morto. Num País onde a preocupação eleitoreira é o que vem na frente, brigar por um sistema exímio de recuperação de menores parece, pasmem, não importar muito.
O Governador Covas diz não faltar verbas para a Febem. Então o que falta? A pergunta se estende aos assistentes sociais, psicólogos, enfim, a todos que devem responder por um trabalho de tamanho pulso - no bom sentido - e delicadeza .
Falar em cidadania e exercê-la, no Brasil, deveria ser uma filosofia de vida, principalmente nas escolas e nos meios de comunicação. Afinal, somos uma terra em vésperas de completar 500 anos de descobrimento com um índice absurdo de desemprego, e a nossa distribuição de rendas é das mais injustas. Crescem as populações de rua. É o meu povo que está na rua. Assim como aqueles povos expulsos pela guerra declarada. As cidades, violentas. Violência das mais sutis às mais tradicionais. Violência é também manter um deficiente preparo dos profissionais. Seja um médico, um industrial não antenado à despoluição do meio ambiente, o policial e o professor que passam por tantas pressões e recebem salário incompatível.
Portanto, vale repetir, o tema dos discursos que nortearão os 500 anos que se quer comemorar, deve mais que nunca nunca antes enfatizar a educação e as soluções imediatas, criativas e factíveis para o desemprego que impera gerando insegurança, doença e um povo desfalecido para um futuro que continua sendo-lhe ROUBADO.
Lembremos dos primeiros cronistas que aqui chegaram com a missão de informar ao Rei de Portugal o que encontravam. Um trecho da Carta de Achamento do Brasil, que Pêro Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral, enviou a D. Manoel , no dia 1º de maio de 1500, diz assim: “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que (a terra), querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
Mas, como por bem das águas que temos, ainda, nos resta salvar o Brasil, eu finalizo esta crônica citando versos de uma canção da Zélia Duncan “/haja teto pra tanto desabrigo / haja palavra para o que eu não digo/ haja instinto e haja saída pra tanto labirinto.../”. A saída encontrada pelos meninos da Febem foi a única deixada pelos arquitetos do abandono. E somos todos um pouco responsáveis por mais este labirinto sem glória que entrou para a história.
Tânia Lúcia Barros
Brasil 2000... Terra nossa?
O ápice da tragédia nomeada Febem está dando um exemplo de País irresponsável. Quantos dos meninos e jovens lá presentes poderiam estar na segurança dos seus lares se um projeto efetivamente eficaz de reabilitação abrangesse o lar destes brasileiros. Reabilitação do próprio projeto de FHC para o Brasil. Como se não bastasse, o que resta é um órgão deficiente, para não dizer completamente doente, modelo decadente e já declarado morto. Num País onde a preocupação eleitoreira é o que vem na frente, brigar por um sistema exímio de recuperação de menores parece, pasmem, não importar muito.
O Governador Covas diz não faltar verbas para a Febem. Então o que falta? A pergunta se estende aos assistentes sociais, psicólogos, enfim, a todos que devem responder por um trabalho de tamanho pulso - no bom sentido - e delicadeza .
Falar em cidadania e exercê-la, no Brasil, deveria ser uma filosofia de vida, principalmente nas escolas e nos meios de comunicação. Afinal, somos uma terra em vésperas de completar 500 anos de descobrimento com um índice absurdo de desemprego, e a nossa distribuição de rendas é das mais injustas. Crescem as populações de rua. É o meu povo que está na rua. Assim como aqueles povos expulsos pela guerra declarada. As cidades, violentas. Violência das mais sutis às mais tradicionais. Violência é também manter um deficiente preparo dos profissionais. Seja um médico, um industrial não antenado à despoluição do meio ambiente, o policial e o professor que passam por tantas pressões e recebem salário incompatível.
Portanto, vale repetir, o tema dos discursos que nortearão os 500 anos que se quer comemorar, deve mais que nunca nunca antes enfatizar a educação e as soluções imediatas, criativas e factíveis para o desemprego que impera gerando insegurança, doença e um povo desfalecido para um futuro que continua sendo-lhe ROUBADO.
Lembremos dos primeiros cronistas que aqui chegaram com a missão de informar ao Rei de Portugal o que encontravam. Um trecho da Carta de Achamento do Brasil, que Pêro Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral, enviou a D. Manoel , no dia 1º de maio de 1500, diz assim: “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que (a terra), querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
Mas, como por bem das águas que temos, ainda, nos resta salvar o Brasil, eu finalizo esta crônica citando versos de uma canção da Zélia Duncan “/haja teto pra tanto desabrigo / haja palavra para o que eu não digo/ haja instinto e haja saída pra tanto labirinto.../”. A saída encontrada pelos meninos da Febem foi a única deixada pelos arquitetos do abandono. E somos todos um pouco responsáveis por mais este labirinto sem glória que entrou para a história.